quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Ela voltou



Uma das suas maiores musas da adolescência, daquelas que você cansou de idolatrar, de repente engordou, envelheceu, cortou o cabelo, fez plástica. Enfim, virou uma baranga desqualificada da cabeça aos pés. No jeito de se vestir, de falar, nas idéias e tudo mais. Tão diferente que você até esquece que um dia a parede do seu quarto já foi forrada de pôsteres com o nome e a cara dela.

Muitos anos se passam sem que você retome aquele amor fervoroso, a não ser em um ou outro bom momento de nostalgia e recordação. E eis que quando você menos espera, surge ela, linda e exuberante como nos velhos tempos, mesmo carregando na alma as marcas de tudo que passou.

Foi algo parecido com isso que senti ao ouvir o novo do Metallica, "Death Magnetic". Como a maioria dos fãs antigos, eu tinha parado no excelente "Black Album", órfão de "Kill'Em All", "Ride The Lightning", "Master of Puppets" e "...And Justice For All", melhores ainda. Meio incrédulo, resolvi baixar o disco novo e tive a grata surpresa: forte e pesado, "Death Magnetic" tem identidade e é construído sob rifes bem consistentes, que trazem traz de volta o autêntico cheiro e gosto da banda, adormecidos em algum buraco negro da história.

Como nas antigas, as músicas são longas e têm em média 7 minutos. O vocal de James Hetfield está impecável, e agora com Trujillo no baixo o Metallica tem um substituto de Cliff Burton à altura. Antes tarde do que nunca.

O álbum leva 'morte' no nome, mas começa com um coração batendo. E a faixa que abre é "That Was Just Your Life", uma paulada que lembra tanto os primeiros discos que parece mais Megadeth do que o próprio Metallica.

O que vem a seguir é uma extensa caminhada onde é possível reconhecer e relacionar as diferentes fases do Metallica ao longo dos 20 e tantos anos de carreira. Tudo isso sem perder o fôlego e a pegada, a não ser em "The Day That Never Comes", uma espécie de nova "The Unforgiven" que não é a "The Unforgiven III", que também está no disco.

"Death Magnetic" é recomendado para quem já curtiu muito aquela banda dos cinco primeiros discos e esperou tanto tempo para escutar alguma coisa que se assemelhe, e contraria o ditado que diz que tempo bom não volta nunca mais.

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