quarta-feira, 2 de abril de 2008
O amor também acaba
Hoje recebi o convite de encerramento do Lov.e, que abrirá suas portas pela última vez na sexta-feira após mais de uma década de incontáveis, incontroláveis e memoráveis noites.
Há anos não tenho coragem nem motivo para pisar no desfigurado clubinho do amor, mas foi ali que toda a bagunça começou quando caí, meio sem querer, na boate da Rua Pequetita em uma quinta-feira que era para ser uma qualquer.
Nessa época eu ainda fazia o curso de Cevada, Erva & Futebol na Faap, e certo dia num pós-Buim alguém me arrastou pra ver qualéquiera daquele pico que todo mundo falava. Até então não gostava de nenhum tipo de música eletrônica, muito mais por não saber ao certo do que se tratava. Mas quando senti no peito o grave do drum'n'bass do Marky, a história mudou. "Ei, peraí. Isso é foda!".
Depois dessa quinta vieram todas as outras, durante anos a fio; depois da quinta, os outros dias da semana; depois do drum'n'bass, uma gama completa de gêneros sintéticos; e, depois do Lov.e, tantos outros buracos que nunca conseguiram reeditar a emoção daquela descoberta incrível.
Cansado da noite e tomado por um forte sentimento saudosista, não poderei comparecer ao velório do quase finado. Mas estarei presente em espírito, deitado ao lado dele de ressaca moral e física, olhos fechados, algodão no nariz e um enorme sorriso no rosto - parece que chegou a hora de pendurar as comandas e enterrar uma década inteira de derrapagem na pista.
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