quinta-feira, 29 de maio de 2008

Para aqueles que acham que é pouco



Era para ser a noite de sofrimento mais deliciosa dos últimos tempos. Mas depois de tudo que aconteceu na porta do Morumbi, não sei bem o que sentir antes de deitar para tentar dormir.

O estádio dos bambis tinha clima de final de campeonato e umas 70 mil pessoas circulando na nóia de um lado pro outro. No caminho para a arquibancada azul, eu e o Bikaz já nos perdemos do Chubas, Manu e Bel. Decidimos pegar a fila pra entrar e tentar encontrar com eles lá dentro, e nos enfiamos no bololô. Tava todo mundo esmagado entre a grade e a parede, e de repente a leva de trás empurrou forte. Rolou aquele tumulto, nego esbarrando e caindo nas costas do outro. Quando pus a mão no bolso, a carteira não estava mais lá.

Logo eu, velhaco de jogo, perdi a porra da carteira na porta do estádio. Documento, cartão do banco, parte do cachê do Comodoro (isso doeu) e o maldito ingresso. Acho que foi a única vez que nem cocei em colocar a carteira no bolso da frente. Panguei, vacilei. O Bikaz entrou e me deu 50 côro pra salvar.

Fiquei perambulando pela porta do Morumbiba perdido, fantasmão sem rumo, sem saber o que fazer, sentindo na alma o baque do vermelho que recebi antes mesmo do jogo decisivo começar. E só faltavam 20 minutos.

Pensei em comprar outro ingresso com os cambistas, mas a cotação chegava a 50 royals, além de todo o preju que já se podia calcular naquele momento. Eles mesmos falaram que um monte de gente estava voltando da catraca com ingresso falso, e tudo conspirava tão contra que mandei pro caralho e fui embora. Mal, desolado, revoltado, se sentindo o mano mais trouxa do mundo e achando que os deuses tinham tirado o dia para foder comigo e com o Corinthians.

Minha desconfiança quanto à sorte do dia tirou muito daquela ansiedade quase incontrolável de antes do jogo. No caminho pra casa, pensava mais na carteira, na vacilada, na correria de banco e no Poupa Tempo. Mas quando grudei o olho na TV, voltou tudo em dobro. Não era justo, eu tinha que estar lá!

Se tudo indicava que a noite seria de terror, é óbvio que o capricho maior ainda estava por vir. E veio, com todas as emoções do mundo em um jogo só, no último dos pênaltis, batendo na trave e indo pra fora. Brigado, chorado, sofrido. Impetuosamente corintiano.

3 comentários:

Unknown disse...

arrepiou cron...
só pra deixar registrado que para nós, tchurminha da fiel, vc estava lá em cada momento de desespero e comemoração.
bora pra recife??

NO AR disse...

caralho q merrrrrda.....
mas Timão êô!

joão disse...

que zica tiozinho... a noite foi uma merda mesmo. belo texto.
só o sport pra salvar agora!