segunda-feira, 4 de maio de 2009

É tudo nosso



Quando peguei o metrô lotado para dar uma olhada nas projeções que o Laborg fazia na fachada do prédio da prefeitura, não imaginava que teria pela frente uma noite memorável. Com preguiça de tudo, principalmente de multidão, fiz uma forcinha pra encarar o tumulto e ver as imagens dos amigos na Virada Cultural.

Se fosse só esse o rolê já teria valido a pena. O trampo dos caras tava muito gringo e a galera que passava ficava hipnotizada mesmo sem saber como a parada funcionava.

De repente alguém resolveu trazer umas caixas de som, mas ninguém tinha nem um fuckin' iPod na mão. Não pensei duas vezes em ir até minha casa, pegar o lap e voltar para fazer um barulho. Afinal, tocar para milhares de pessoas na rua em pleno Viaduto do Chá é uma experiência no mínimo interessante.

No final das contas foi muito mais do que isso. Acabei tocando por 5 horas, da 1 às 6 da matina, com um intervalo forçado de 20 minutos a pedido de uma produtora do evento. A essa altura já estava configurada a bagunça de amigos, agregados e tudo quanto é tipo de gente.

O que era para ser um ponto de passagem se transformou em pista de dança, com rodinha de break e o caralho. A balada tava pegando tanto que vieram tesourar. Os caras do Laborg acataram o pedido da mulher porque não estavam autorizados a fazer música, só imagem. Mandaram desligar o brinquedo e ficou aquele silêncio triste de coito interrompido. Tentei argumentar dizendo que aquela era para ser uma festa democrática, que o povo queria dançar, mas nego tava preocupado em não se queimar com a organização. Porém, logo depois ganhei o apoio dos manos do Rolê, que também projetaram suas fotos ali sem autorização. Se a idéia era democratizar a arte, aquele era o melhor momento.

Foi quando o Zacca, contra todos seus colegas de Laborg, assumiu a responsa e ligou o som de volta. Eu tava na gaiola que armaram pro equipo dos caras acompanhado do Capitão Grull, e a sensação de olhar pro ponto mais popular da sua cidade e ver todo mundo dançando o som que vc tá pondo é mesmo incrível. Ali não tinha pobre ou rico, culto ou ignorante. Era todo mundo igual e com a mesma vontade de se divertir.

Nego vinha perguntar, queria saber, parabenizar, pedir música, dar cartão, cumprimentar, tirar foto. "É aqui que o Mau Mau vai tocar?", me perguntou um doido. Não, mano, aqui num tem Mau Mau. Tem Laborg, Rolê e Comodoro, serve?

A festa seguiu até todo mundo cansar. Fomos embora com o dia amanhecendo e um sorriso na cara. A festa do povo saiu do Centro, passou pelo Pacaembu e depois tomou toda a cidade no fim de semana mais popular, democrático e corintiano de 2009.

(Foto: João Sal/Rolê)

6 comentários:

Unknown disse...

VAMOQVAMO!!!

Unknown disse...

ceeerto!!! tudo nosso...

Anônimo disse...

porra, perdi, deve ter sido ducaray... mas a festa do povo continua com os aniversários da semana: Oldboy no xaxaxa e Pri no Baile

Caio Antunes disse...

Porra mano, passei por ali e até fiquei uma carinha de bobeira olhando as projeções. Nem reparei que vc tava na gerência do som. Acho que no grau que eu estava nem ia ter como perceber mesmo.

Unknown disse...

que legal!!!
pena que o vídeo ficou curtinho :)

NO AR disse...

adorei!
queria ter visto de perto!!